Outro dia um rapaz entrou no ônibus vendendo um
daqueles Kits de caneta e lanterna. Dentro do pacote veio também uma mensagem
religiosa, bem bacana. O negócio custa R$ 2,00 e na hora tirei minha bolsinha
de moedas, comprei.
Fiquei refletindo a respeito dessa cena... teve gente
virando a cara, teve gente que ouviu o começo e voltou a dormir. Não gosto de
julgar as pessoas, não sei o que elas passam, quais são as dificuldades e
problemas que elas precisam enfrentar... talvez elas não possam gastar R$ 2,00
para comprar um kit quase sem utilidade...
Sabe o que eu vejo? Eu vejo um homem, entrando de ônibus
em ônibus tentando falar de Deus e vender alguma coisa. Eu compro. De todas as
outras opções que ele tinha, de todas as coisas erradas que ele poderia estar
fazendo, ele está ali, tentando te vender R$ 2,00 para ajudar uma clínica de
reabilitação. Ele não é magro suficiente para me fazer suspeitar a respeito de
sua condição, se ele ainda é viciado... eu acho que não. Importa nesse momento?
Se dentro de um táxi, em um sábado de sol, vejo um
rapaz vendendo bala, eu compro. Enquanto a maioria está aproveitando o final de
semana... o cara está na rua! No sol! Vendendo um pacote de bala por R$1,00! Até
mesmo porque, quantas vezes já não gastei mais do que isso com superfulos?
E no supermercado, quando uma sra. deixava de levar um
sabonete, uma couve e um biscoito? Ela não estava levando porque tentava contar
as moedas e viu que não poderia levar. Eu comprei para ela, não gastei R$ 10.
O problema da caridade é que pode ser que tenha alguém
querendo ganhar mais do que deve e cabe a você tentar conhecer e reconhecer
aquele que precisa e como ele precisa. Já ouvi histórias de gente que de tanto
ganhar cestas básicas, fazia disso um negócio e vendia. Várias instituições
davam cestas para essa mesma família e no momento em que começaram a trocar
informações das doações dadas, descobriram que estavam, juntas, sem querer,
doando 5 cestas básicas para uma família só.
Eu acredito que a caridade vai além de apenas doar as
coisas. Eu não gosto de dar dinheiro, mas não resisto a alguém me pedindo
comida, não resisto a um trabalhador se esforçando para vender alguma coisa que
para mim... tem um valor irrisório.
Não preciso dar muito, mesmo porque não tenho. Mas
tento me colocar no lugar do outro...sempre... E agradeço as oportunidades que
tenho em ajudar. Tenho certeza de que me sinto melhor do que esses que acabei
ajudando.
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