A mulher gorda e o Movimento Corpo Livre

Recentemente, revirando fotos antigas guardadas no DropBox da minha irmã, achei essas e várias outras fotos minhas. Junto com elas um arquivo em Word onde eu escrevi uma carta para mim mesma e nela eu me chamava de A mulher gorda. Foi muito difícil para mim olhar para essas fotos hoje e reconhecer que me senti gorda a vida inteira. Mesmo sendo assim:

Morena Hygino

E eu preciso falar sobre isso. Hoje eu vejo essas fotos de outra maneira. Hoje vejo uma menina magra, bem magra. E vejo um grande problema nisso, você vê? Não sei se as pessoas pensavam algo diferente na época, mas sempre tive a autoestima muito baixa. Sempre fui tímida e quieta. A forma como eu me via era tão distorcida! O que me fez ser assim?

Talvez pelo fato de que aos 12 anos de idade comecei a ter um corpo que chama a atenção e sempre achei que essa era uma atenção muito desnecessária. O que eu ganhava ? Comentários nojentos de homens mais velhos por onde passava... 😝 Será que eles pensavam no que esses comentários fariam comigo? Isso não me deixava feliz, não me deixava alegre, não ajudava nada minha autoestima, pelo contrário. Eu tive o sentimento de não me gostar a ponto de deixar de usar várias roupas para não chamar a atenção e assim não correr nenhum tipo de perigo. Sempre me senti insegura no Brasil, especialmente se andava na rua sozinha. Mas isso acontece até hoje e no mundo todo, qual é a necessidade deles? Eu não entendo.

Também tive problema com o cabelo, ou tenho? Ele é cacheado e eu não consigo deixar e manter. Não me sinto bonita. Outra vez, isso vem de comentários mil, vividos desde o colégio até em reuniões de família. 'ah, pelo menos o cabelo dele não é anelado'. As vezes deixo... mas muitas vezes não, ele fica liso mesmo.  

Morena Hygino

Mas, além disso... de onde vem a parte de se achar gorda? Vem de referências de TV e revistas da época. Uma pressão imposta pela sociedade, para que a mulher se enquadre nos padrões criados. Eu não era gorda, só não era totalmente magra. Mas isso eu não via, eu nunca vi, eu não vejo até hoje. Já ouvi tantas vezes, nossa.. você engordou, nossa, você emagreceu... enfim... loucura. Ninguém deveria comentar sobre o corpo de ninguém. Ele deveria ser livre.

O que tem me ajudado é o Movimento Corpo Livre e a XANDA, sua criadora. Só clicar nos nomes para você abrir as páginas no Instagram. Eles discutem muito sobre o corpo e sua liberdade. Sobre os padrões e também, sobre quem tá ganhando com isso. Esta indústria toda de beleza, que é e sempre foi focada em mulheres. Os homens jamais gastariam o que gastamos para ter um cabelo bonito, uma unha feita, para ficar magra... cirurgias... enfim. Para se encaixar. Se você passa por isso hoje ou já passou sabe do que estou falando. E não julgo nada disso, mas a gente precisa tomar cuidado com o que consome. Saber se isso faz bem para gente. 

Eu já fiz uma cirurgia plástica para reducão da mama. Foi em 2016. Fiz porque um médico indicou, era muito desproporcinal ao meu corpo, e não me arrependo. Mas preciso contar que fiquei aberta, isso mesmo, aberta debaixo das mamas por meses. Sem poder fazer várias coisas e também com alergias a toda pomada que usava na tentativa de fechar as feridas.Passou, não me arrependo. Mas não fiz porque consumia blogueiras que me diziam que precisava disso...

Hoje não sigo nas redes nenhuma blogueira magra com dicas milagrosas. Sigo pessoas de bem como a Xanda e pessoas engajadas feito Luisa Mel. 

Gente que me inspira todo dia e eu te digo, vale mais a pena! 💙💚💛💜